A mãe das duas crianças mortas em um incêndio em Rolim de Moura (RO), Adriele Pimenta da Costa, de 22 anos, concedeu uma longa entrevista à SICTV, na qual negou abandono, afirmou que sempre cuidou sozinha dos filhos e disse que deixou a casa apenas para buscar dinheiro para comprar comida e fraldas. A versão contrasta com informações registradas no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, que indicou contradições no relato e motivou sua prisão inicial.
O incêndio ocorreu em uma residência de madeira no Bairro Cidade Alta, em Rolim de Moura, e continua sendo investigado pela Polícia Civil, que aguarda laudo da Perícia Criminal para determinar as causas das chamas.
“Eu não abandonei meus filhos”: mãe detalha sua versão à SICTV
Durante a entrevista conduzida pelo repórter Célio Peixoto, da SICTV Rolim de Moura, Adriele relatou que vívia na cidade há apenas dois meses, sem familiares próximos e sem apoio institucional. Ela disse que sempre cuidou sozinha de Katleia Souza Costa, de 5 anos, e Levi Lourenço Pimenta, de 2 anos.
“Eu não abandonei meus filhos. Sempre cuidei sozinha. Saí porque estava sem mistura em casa. Não tenho ninguém aqui, ninguém nunca me ajudou”, afirmou.
Segundo Adriele, ela havia recebido comida do proprietário da residência onde morava e saiu para cobrar de uma conhecida um dinheiro que estaria devendo, para comprar fraldas e alimentos para o dia seguinte.
A ida ao posto de gasolina: mãe explica motivo
Imagens que mostram Adriele em um posto de combustível horas antes do incêndio colhidas pela polícia e divulgadas pela imprensa local. Nas redes, o assunto do vídeo gerou acusações de que ela estaria “bebendo” ou “se divertindo”.
Ela negou:
“Eu fui ao posto porque a pessoa que estava me devendo dinheiro estava lá. Não fui beber. Pedi até para a polícia fazer bafômetro. Eu estava sóbria.”
Adriele afirma que usou mototáxi para ir ao local, mas não conseguiu pagar a volta:
“Eu esperei carona de um rapaz que me deixou perto do presídio porque ele estava com pressa. De lá, caminhei até a minha casa.”
Segundo ela, as câmeras de segurança do presídio podem confirmar parte do trajeto.
“Cheguei e a casa estava pegando fogo”: mãe descreve momento da tragédia
Emocionada, Adriele contou que chegou à residência já em chamas:
“Eu cheguei e vi o fogo. Gritei pelos meus filhos. Perguntei aos vizinhos. Não sabia que eles estavam lá dentro.”
Ela afirmou ainda que nunca usou drogas e sempre colocou os filhos como prioridade:
“Meus filhos eram minha vida. Eu jamais faria mal a eles.”
Versão da Polícia Militar registrada em Boletim de Ocorrência
O Boletim de Ocorrência da PM, no entanto, apresenta versões divergentes, registradas no momento da abordagem policial.
Segundo o documento:Adriele teria informado, inicialmente, que saiu de casa por volta das 23h30 do dia 09 para ir até a UPA.
Disse que retornou após sentir um “pressentimento”.
A PM informou que havia imagens da mãe no posto de gasolina Modelo.
Após apagarem as chamas, os bombeiros encontraram as crianças carbonizadas no interior da residência.
O BO foi registrado as 03:30:05 da madrugada do dia 10.
A Perícia Oficial foi acionada para análise do local.
O BO também menciona contradições na narrativa, ponto que motivou a condução da mãe à delegacia.
As vítimas foram identificadas como:Katleia Souza Costa – 5 anos
Levi Lourenço Pimenta – 2 anos
Prisão em flagrante, audiência de custódia e liberdade concedida
No dia seguinte ao incêndio, Adriele foi detida e autuada com base no artigo 133, §2º, do Código Penal (abandono de incapaz com resultado morte).
A Justiça, porém, concedeu liberdade provisória, sem fiança, considerando:ausência de violência ou grave ameaça;
ré primária e sem antecedentes;
identificação adequada;
risco reduzido de fuga.
Entre as medidas cautelares impostas pela Justiça estão: comparecimento a todos os atos processuais;
proibição de sair de Rolim de Moura por mais de 30 dias sem autorização e manutenção de endereço atualizado.
A decisão destaca que a investigação ainda está em andamento e que não há, no momento, elementos suficientes para manter a prisão.
Casa de madeira e possível curto-circuito: cenário analisado pela perícia
A residência atingida era de madeira, material altamente inflamável. Vizinhos relataram que o fogo se espalhou rapidamente.
Adriele disse acreditar na possibilidade de um curto-circuito:
“A casa era de tábua. Talvez começou fogo e se espalhou. Não tem explicação.”
Somente o laudo da Perícia Técnica da Polícia Civil confirmará:
A decisão destaca que a investigação ainda está em andamento e que não há, no momento, elementos suficientes para manter a prisão.
Casa de madeira e possível curto-circuito: cenário analisado pela perícia
A residência atingida era de madeira, material altamente inflamável. Vizinhos relataram que o fogo se espalhou rapidamente.
Adriele disse acreditar na possibilidade de um curto-circuito:
“A casa era de tábua. Talvez começou fogo e se espalhou. Não tem explicação.”
Somente o laudo da Perícia Técnica da Polícia Civil confirmará:
ponto inicial das chamas;
possível falha elétrica;
tempo aproximado de propagação;
se as crianças estavam dormindo;
se houve ingestão de fumaça antes da morte.
Esses elementos são fundamentais para comprovar ou descartar a hipótese de abandono.
possível falha elétrica;
tempo aproximado de propagação;
se as crianças estavam dormindo;
se houve ingestão de fumaça antes da morte.
Esses elementos são fundamentais para comprovar ou descartar a hipótese de abandono.
Como foi o resgate segundo o Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros informou que:A residência já estava tomada pelas chamas quando a equipe chegou.
A estrutura impediu o acesso imediato aos cômodos internos.
Após o controle do fogo, as crianças foram encontradas sem vida no quarto.
O local foi isolado para o trabalho da perícia.
Informações oficiais serão detalhadas quando o laudo for concluído.
Como a população reagiu
O caso mobilizou moradores, que relataram tristeza e indignação nas redes sociais. Muitos questionaram a ausência de políticas públicas de apoio a famílias recém-chegadas à cidade.
Adriele afirmou ter sofrido ataques:
“Disseram que eu matei meus filhos. Que era usuária. Isso não é verdade. Sofri muito. Fui presa e nem pude ver meus filhos sendo enterrados.”
Situação social da mãe e vulnerabilidade
Adriele relatou que:morava há apenas dois meses em Rolim de Moura;
não tinha familiares na cidade;
não possuía renda fixa;
dependia de apoio eventual de conhecidos;
vivia em uma casa alugada de madeira em área periférica, ou seja no Bairro Cidade Alta, local longe do centro da cidade.
Esse cenário será analisado pela assistência social municipal e pode ser incluído no relatório que será enviado ao Ministério Público.
Próximos passos da investigação
A Polícia Civil aguarda:Laudo da Perícia Criminal sobre a origem do fogo;
depoimentos de vizinhos;
análise das imagens do presídio e do posto de gasolina;
reconciliação temporal dos fatos;
reconstrução da dinâmica do incêndio.
Somente após esses elementos o delegado poderá:encaminhar denúncia,
pedir novas diligências, ou
concluir que não houve crime.
Assista a entrevista completa a seguir:
Entrevista concedida à SICTV Rolim de Moura (Record), conduzida pelo repórter Célio Peixoto, em 13/02/2025.
