Assassino revela porque aceitou matar advogado: dívidas com o Jogo do Tigrinho



O caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva confessou a autoria do assassinato do advogado Renato Nery enquanto prestava depoimento na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá (MT).

Investigadores apontam que o assassinato, que ganhou grande repercussão, teria ocorrido como parte de uma ação planejada por uma organização criminosa conhecida como Comando C4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos), que movimentava esquemas ilegais envolvendo execução de autoridades e venda de sentenças judiciais em tribunais estaduais.

Queiroz disse, em depoimento à polícia, que a arma usada no crime foi alugada por R$ 1.500 de uma pessoa que, segundo ele, está morta. Ao todo, 10 pessoas foram presas e seis foram indiciadas por envolvimento no caso.

O assassino confesso também revelou ter aceitado a proposta de execução do advogado mato-grossense por estar com dívidas, a maioria devido a gastos com profissionais do sexo e jogos do Tigrinho. Além disso, ele também estaria com suas contas bancárias bloqueadas devido a um processo movido por um cliente insatisfeito por seus serviços de móveis planejados.

A Polícia Civil informou que o crime pode ter começado a ser planejado em abril de 2024, quando o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, apontado como um dos intermediadores, alugou a chácara com a intenção de matar o advogado.

Quem são e como agiram os investigados
• Caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva – atirador

• Sargento da PM Heron Teixeira Pena Vieira – intermediador recebeu dinheiro, arma e contratou o Alex pra fazer executar

• Cabo da PM Jackson Pereira Barbosa – intermediador entregou dinheiro a Heron

• Policial da inteligência da Rotam, Ícaro Nathan Ferreira – intermediador que entregou parte do dinheiro ao Heron e entregou a arma

• Empresário Cesar Jorge Sechi – mandou matar Nery por causa da disputa de terra

• Empresária Julinere Goulart Bastos – mandou matar Nery por causa da disputa de terra. Ela é esposa de Cesar

Ícaro e Jackson tiveram as prisões prorrogadas.

Entre o casal suspeito de mandar matar o advogado, Julinere aceitou colaborar com a polícia e prestará depoimento. Já Cesar negou envolvimento e permaneceu em silêncio.

Além dos envolvidos diretamente na morte, a polícia prendeu outros quatro policiais, apontados como suspeitos de simular um confronto policial para esconder a arma do crime. Veja abaixo quem são:

• Alessandro Medeiros Ramos – policial militar

• Wekcerlley Benevides de Oliveira – policial militar

• Leandro Cardoso – policial militar

• Jorge Rodrigo Martins – policial militar

NEGOCIAÇÕES E MOTIVO DO ASSASSINATO
As investigações apontaram que a morte de Nery foi motivada por disputa de terra. Segundo a polícia, o advogado não temia morrer, mas sim perder suas terras, que tentava transferir para o nome das filhas.

O policial militar Heron confessou ter sido contratado para matar o advogado e que contratou Alex para executar Renato. Ele afirmou à polícia que recebeu R$ 200 mil para matar e, desse valor, pagou R$ 50 mil ao caseiro para a execução.

Nery foi baleado quando chegava no escritório dele, em julho de 2024. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava esperando pelo advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto. Uma câmera de segurança registrou o momento.

O advogado morreu um dia após ser baleado. O corpo dele foi sepultado em Cuiabá, na manhã do dia 7 de julho. Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens.

Ele foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato



Fonte: G1/MT