MPRO fortalece proteção a crianças e adolescentes em Rondônia

    

Um grito que não pode ser ignorado

Em uma escola pública na periferia de Porto Velho, uma professora percebe o olhar distante de uma aluna de apenas nove anos. Silenciosa, a menina começa a faltar às aulas e evita o contato com os colegas. O que parecia timidez era, na verdade, um pedido de socorro.

Foi esse tipo de situação que motivou o Ministério Público de Rondônia (MPRO) a intensificar, uma série de ações articuladas de combate à violência sexual, ao abandono e à exploração infantil em todo o estado.

“Na escola, a gente vê a ponta do iceberg. A criança se fecha, o rendimento cai. Nós acionamos o Conselho, mas precisamos de uma resposta rápida e legal para quebrar o silêncio. Sem o MPRO agindo na área criminal e cível, a rede de proteção fica de mãos atadas,” explica uma professora da rede municipal, que pediu para não ser identificada por atuar diretamente com alunos em situação de vulnerabilidade.

De operações repressivas a projetos educativos, o MPRO tem ampliado sua presença no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes. Em todo o estado, a instituição atua como um dos principais pilares da rede de proteção à infância na Amazônia.


Abuso e justiça: MPRO garante condenação de policial por estupro de vulnerável em Ariquemes

   Crédito da imagem: Divulgação Institucional

Ela tinha apenas 13 anos quando começou a sofrer abusos nas mãos de alguém em quem sua família confiava. Por meses, uma adolescente de Ariquemes foi vítima de um policial, que se aproveitou do vínculo de confiança para cometer crimes terríveis.

Graças à atuação enérgica da 6ª Promotoria de Justiça de Ariquemes, do Ministério Público de Rondônia (MPRO), o agente foi condenado a 13 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado e perdeu o cargo público. Além da punição criminal, o MPRO atuou para garantir a perda do cargo público, reforçando a mensagem de que a confiança institucional não será usada para acobertar crimes. A sentença representa uma mensagem clara: ninguém está acima da lei, e a proteção das crianças e adolescentes é prioridade.

A promotora Lucilla Soares Zanella não apenas garantiu a condenação, mas destacou que o MPRO recorreu da decisão, buscando aumentar a pena e reforçar o rigor para crimes cometidos por agentes públicos.

"A perda do cargo é uma função essencial da nossa atuação e uma resposta institucional à sociedade. Nosso compromisso é com a justiça e a defesa das pessoas mais vulneráveis. Crimes como este não podem ser tolerados, especialmente quando envolvem abuso de poder ou confiança", afirmou a promotora.


Chocante: Professora é exonerada após suposto caso de maus-tratos a criança em creche de Rondônia

   
Creche (imagem ilustrativa) — Foto: Prefeitura de Porto Velho


Em setembro de 2025, um caso em uma creche municipal de Rondônia ganhou repercussão nacional: uma professora foi exonerada após suspeita de segurar uma criança para que colegas a agredissem.

O caso, investigado pelo Ministério Público, expôs falhas na rede de proteção infantil e evidenciou a importância de capacitar profissionais da educação para reconhecer sinais de abuso.


O Desafio da Amazônia: Por que Rondônia Lidera em Violência Sexual (veja o infográfico abaixo)


Taxas de estupro de crianças e adolescentes por capital da Amazônia Legal Fonte: UNICEF / Fórum Brasileiro de Segurança Pública — Infográfico: G1

Rondônia enfrenta desafios significativos na proteção de crianças e adolescentes. Dados do Disque 100 e do IBGE indicam que milhares de menores estão expostos a violência doméstica, exploração sexual, trabalho infantil e negligência. 

Os seis estados da Amazônia com maior incidência de violência sexual são Rondônia (com uma taxa de 234,2 casos a cada 100 mil crianças e adolescentes), Roraima (com taxa de 228,7), Mato Grosso (188,0), Pará (174,8), Tocantins (174,2) e Acre (163,7). (Dados UNICEF) 

"Os dados mais recentes são alarmantes: Porto Velho e Rondônia estão no topo do ranking nacional de violência sexual contra crianças e adolescentes. Essa triste realidade exige ação imediata, firme e coordenada," explica um vereador da capital, representando o Poder Legislativo Municipal.

Nesse cenário complexo, com atuação direta em escolas e tribunais, o MPRO se tornou o principal agente de proteção à infância no estado. O órgão busca prevenir e intervir em situações de risco por meio de fiscalizações, acompanhamento de medidas de proteção e programas educativos. Ao combater a vulnerabilidade agravada por fatores socioeconômicos e a ausência do Estado em regiões afastadas, o MPRO garante a repressão necessária e o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, evitando o recrutamento por organizações criminosas e a exploração.

Para o professor de História Joelson Chaves de Queiroz, que atua na rede estadual e municipal em Porto Velho, “A ausência do Estado em comunidades rurais e periferias cria um terreno fértil para a violência. Onde a escola e as políticas públicas não chegam, quem chega primeiro é o medo — e muitas vezes, o crime organizado.”

O MPRO atua em duas frentes: prevenção e resposta. Promove campanhas de conscientização e cobra o cumprimento de políticas públicas, buscando garantir às novas gerações um ambiente mais seguro.

Operações que salvam infâncias

          
Crédito da imagem: GOV.BR – Divulgação Institucional

Em novembro de 2024, o MPRO participou ativamente das Operações Domiduca e Vozes Suprimidas, realizadas em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e outros parceiros institucionais. Essas operações resultaram em:
  • 3 casos de estupro de vulnerável

  • 5 casos de importunação sexual

  • 4 ocorrências de exploração sexual de crianças e adolescentes

  • 7 casos de fornecimento de substâncias que podem causar dependência a menores

Além disso, mais de 300 crianças e adolescentes participaram de palestras educativas, aprendendo a identificar e denunciar situações de abuso e exploração sexual.

          Crédito da imagem: GOV.BR – Divulgação Institucional


MPRO garante internação provisória de adolescentes envolvidos com organização criminosa em Ouro Preto do Oeste

       Foto: Promotoria de Justiça de Ouro Preto

O Ministério Público de Rondônia (MPRO) conseguiu, junto à Justiça, a decisão judicial de internação provisória para adolescentes envolvidos em uma organização criminosa em Ouro Preto do Oeste. A medida visa proteger os menores e evitar a perpetuação de atividades criminosas, garantindo também acompanhamento psicológico e social.

A decisão mostra como o MPRO atua em duas frentes — prevenindo novas violações e intervindo em situações de risco — para garantir proteção integral a adolescentes vulneráveis.


MPRO aciona Alta Floresta do Oeste por falta de escuta especializada

Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)


Em Alta Floresta D’Oeste, a Promotoria de Justiça ajuizou uma Ação Civil Pública (ACP) contra o município por negligência na implementação da Lei Federal nº 13.431/2017, que exige a Escuta Especializada. A falta do serviço compromete a colheita de provas e a recuperação de vítimas, obrigando o poder público a adequar a rede de proteção sob pena de multa diária.


MPRO obtém sentença favorável para proteção de crianças e adolescentes em Pimenta Bueno

        Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)

Em Pimenta Bueno, uma decisão da Justiça atendeu a pedido do MPRO e obrigou o município a atualizar o plano de atendimento a vítimas de violência. O caso é mais um exemplo de como a atuação judicial do órgão vem forçando prefeituras a cumprir a Lei da Escuta Protegida.

A decisão obrigou o município a criar estruturas de escuta especializada, um passo decisivo para que crianças possam relatar abusos em ambiente seguro. (Lei nº 13.431/2017)

Programa Criança Protegida Rondônia

    Arte: MDHC / Programa Criança Protegida – GOV.BR


Desde 2019, o governo estadual implementa o Programa Criança Protegida, visando fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. Em 2025, o programa foi ampliado com a aprovação do Projeto de Lei 712/2024, que institui o programa como política pública permanente. As ações incluem:

  • Capacitação de agentes públicos

  • Estruturação dos Conselhos Tutelares

  • Implementação da Lei da Escuta Especializada

  • Integração de serviços nas áreas de saúde, educação e assistência social

O programa busca garantir atendimento humanizado e eficaz às vítimas de violência. 

    Projeto foi aprovado no Plenário da Casa (Foto: Rafael Oliveira | Secom ALE/RO)


MPRO realiza ações educativas de prevenção ao abuso de crianças e adolescentes em Ji-Paraná

         Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)

Em Ji-Paraná, o MPRO levou a campanha “Faça Bonito” para dentro das escolas. Na Escola Estadual Rio Urupá, estudantes participaram de dinâmicas e conversas conduzidas pela promotora Marcília Ferreira da Cunha e Castro. O objetivo foi simples e direto: mostrar que toda criança pode — e deve — reconhecer e denunciar situações de abuso.

        Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)

Usando os bonecos Pipo e Fifi, os alunos aprenderam sobre os diferentes tipos de toque e como identificar situações de abuso. Segundo a promotora, a ação tem o objetivo de ensinar de forma lúdica e segura como se proteger e reconhecer sinais de violência. Ao final, os estudantes colaram flores, símbolo da campanha, que permanecerão expostas durante todo o mês.

"Assista abaixo: 'Romper o Silêncio' – Relato emocionado de vítima de abuso infantil, parte da campanha 'Faça Bonito' do MPRO."

Vídeo retirado do Canal Oficial do MP/RO


Parcerias institucionais e eventos de capacitação

Em 2024, o MPRO participou do 1º Seminário Estadual do Pacto Criança Protegida, promovido em parceria com a Defensoria Pública de Rondônia e outras instituições. O evento abordou a implementação da Lei da Escuta Protegida, visando evitar a revitimização de crianças e adolescentes vítimas de violência.


     O evento reúne profissionais e gestores do Sistema de Garantias de Direitos da Criança e do Adolescente (SGD) do Estado e seus 52 municípios ( foto: secom/ro)


A iniciativa, que posiciona Rondônia como pioneiro na aplicação dessa lei no Brasil, contou com a presença de autoridades do Sistema de Justiça, incluindo o Defensor Público-Geral, Victor Hugo de Souza Lima. A participação da Defensoria Pública do Estado (DPE-RO) e do Ministério Público de Rondônia (MPRO) demonstra o alinhamento das instituições na busca por um acolhimento humanizado.

O superintendente de Advocacy da organização, Itamar Gonçalves, enfatiza que a Lei da Escuta Protegida (13.431/2017), embora fundamental, enfrenta severos desafios estruturais no país. “A lei é uma conquista, mas exige alto investimento em capacitação, tecnologia e estrutura física. No Brasil, muitos municípios ainda não conseguem implementá-la... Rondônia... mostra que é possível superar as dificuldades regionais. Este é um marco...”

Com a implementação da Lei da Escuta Protegida, busca-se não apenas garantir os direitos fundamentais de crianças e adolescentes, mas também prevenir a revitimização, proporcionando às vítimas de violência um ambiente seguro, acolhedor e protegido.

    Arte institucional – Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) / Programa Criança Protegida – GOV.BR


As ações conjuntas entre o MPRO e outras instituições têm ajudado a consolidar uma rede de proteção mais eficiente para crianças e adolescentes em Rondônia.

MPRO reafirma apoio ao programa "Declare seu Amor" do TJRO

    Integrante do MPRO no evento do TJRO /  Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)


O Ministério Público de Rondônia (MPRO) reafirmou apoio à campanha “Declare seu Amor”, do TJRO, que permite destinar parte do Imposto de Renda a fundos para crianças, adolescentes e idosos. Desde 2018, a iniciativa arrecadou R$ 8,5 milhões.

Durante o relançamento, o Subprocurador-Geral Marcelo Lima de Oliveira destacou o impacto social e o fortalecimento do controle cidadão sobre os recursos. O MPRO segue comprometido com ações que promovem solidariedade e proteção aos mais vulneráveis.

 MPRO entrega brinquedos e kits ao projeto Criança Feliz, que beneficia crianças do Baixo Madeira

    Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)


O projeto Criança Feliz tem como propósito oferecer acolhimento, diversão e apoio a crianças e famílias que vivem em comunidades ribeirinhas do rio Madeira. Desde 2009, a iniciativa conta com a colaboração do MPRO, que contribui continuamente por meio da mobilização e destinação de doações.

Ministério Público de Rondônia promove projeto "Fortalecer para Acolher” em Porto Velho

     Foto: Gerência de Comunicação Integrada (GCI)


O encontro debateu o serviço de acolhimento familiar — alternativa à institucionalização de crianças — e mostrou como o MPRO tem pressionado municípios a criar e manter esse tipo de programa, em parceria com os demais órgãos e instituições que compõem a rede de proteção à infância e adolescência em Rondônia.


MPRO realiza palestra sobre proteção de crianças e adolescentes em Vilhena

    Gerência de Comunicação Integrada (GCI)

A palestra foi ministrada pela promotora de Justiça Gabriela Barros Aburachid, que apresentou o papel do MPRO na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, detalhando desde a apuração de denúncias até o monitoramento de processos judiciais e a proposição de medidas para assegurar proteção e dignidade. Durante sua fala, ela também ressaltou a trajetória das legislações brasileiras voltadas à infância e juventude, enfatizando a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente como referências essenciais nessa área.

    Gabriela Barros Aburachid



"A atuação firme do Ministério Público de Rondônia, detalhada nesta reportagem — da condenação criminal à pressão por Escuta Especializada nos municípios —, visa garantir, em última instância, que o olhar distante e o grito silencioso daquela aluna de nove anos, em Porto Velho, seja ouvido e transformado em proteção efetiva. Proteger crianças e adolescentes é dever compartilhado entre Estado, família e sociedade. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou diretamente nas Promotorias de Justiça, garantindo atendimento imediato e adequado, promovendo um futuro seguro e digno para todos os menores."

Mapa Interativo MPRO - Rondônia

Infográfico Ações do MPRO em Rondônia



📞 Onde buscar ajuda

• Disque 100 — canal gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia, para denúncias de violação dos direitos de crianças e adolescentes.  

• Conselho Tutelar — atendimento presencial em todos os municípios; procure o mais próximo da sua casa ou escola. 
 
• Promotorias de Justiça do MPRO — denúncias podem ser feitas pessoalmente ou pelo site (https://www.mpro.mp.br).
  
• Emergência — em casos de risco imediato, ligue 190 (Polícia Militar).

> Denunciar é um ato de proteção. O silêncio fortalece o agressor — a escuta salva vidas.


Esta reportagem foi elaborada a partir de informações públicas e institucionais do Ministério Público de Rondônia (MPRO), complementadas com entrevistas e dados de fontes independentes. O texto foi editado de forma autoral, com foco jornalístico e contextualização social.




Ficha técnica – Prêmio de Jornalismo MPRO 2025

  • Categoria: Jornalismo Digital

  • Autor: André Luiz Soares Machado

  • Veículo: Mídia Rondoniense

  • Título: MPRO fortalece proteção a crianças e adolescentes em Rondônia

  • Data de publicação: 10/10/2025

  • Local de apuração: Porto Velho, Ouro Preto do Oeste, Pimenta Bueno, Alta Floresta do Oeste, Vilhena, Ariquemes e demais municípios com atuação do MPRO

  • Fontes consultadas: 

    Ministério Público de Rondônia, Disque 100, IBGE, Childhood Brasil, TJRO, UNICEF, Agência Brasil, Representante do Poder Legislativo Municipal, Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), Professora da Rede Municipal. Professor Joelson Queiroz da rede Estadual e Municipal, Site Rondoniagora, Site  G1/RO.