Mãe de menina de 12 anos procura imprensa após médico da UPA ignorar inseto vivo no ouvido em Rondônia

Em contato com o FOLHA DO SUL ON LINE na tarde de ontem, uma secretária de 40 anos fez uma denúncia grave em relação ao atendimento médico prestado à filha dela, uma menina de apenas 12 anos na UPA, em Vilhena.
De acordo com o relato da mulher, no dia 22 deste mês, ela levou a filha à Unidade de Pronto Atendimento, onde a pré-adolescente chegou chorando e gritando de dor, relatando que sentia um bicho dentro do ouvido, que aparentava estar inflamado.
A secretária conta que, após avaliar a menina, o médico de plantão teria dito: “não há nada de inseto ou qualquer outra coisa no ouvido.” Em seguida, prescreveu Amoxilina 500 mg e Ibuprofeno, orientando apenas o uso dos medicamentos e liberando a criança, sem solicitar exames complementares ou encaminhamento especializado.
Nos dias seguintes, a pré-adolescente continuou apresentando febre alta, dor intensa e mau cheiro no ouvido, o que gerou grande preocupação na família. Diante da piora do quadro, foi agendada uma consulta com um médico otorrinolaringologista, o qual constatou que havia realmente um inseto vivo dentro do ouvido da paciente —o mesmo que havia sido ignorado no atendimento da UPA
A mãe avalia que houve negligência e falta de cuidado no atendimento prestado pela UPA de Vilhena, colocando em risco a saúde e o bem-estar da menor de idade. “A dor e o sofrimento da pré-adolescente poderiam ter sido evitados se houvesse atenção adequada e avaliação criteriosa por parte do profissional responsável”, disse a denunciante.
“Solicito que este caso seja divulgado pelo FOLHA DO SUL, para que situações como essa não se repitam e para que as autoridades competentes tomem providências quanto à conduta do profissional envolvido e às condições de atendimento na unidade”, acrescentou a entrevistada.
“A família está à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar os laudos médicos que comprovam o ocorrido”, garantiu a autora da denúncia. As acusações dela foram encaminhadas ao Grupo Chavantes, responsável pelo atendimento, na UPA, no Instituto do Rim e no Hospital Regional de Vilhena. A foto usada para ilustrar este texto é do inseto retirado do ouvido da menina.
Após o contato, a seguinte nota foi enviada à redação deste site, com a Chavantes comentando o episódio (LEIA ABAIXO, na íntegra)
NOTA DE ESCLARECIMENTO – GRUPO CHAVANTES
Em relação ao atendimento de uma paciente de 12 anos, ocorrido na noite de 22 de outubro de 2025 na UPA de Vilhena, o Grupo Chavantes vem a público esclarecer os fatos e reafirmar seu compromisso com a ética, a transparência e a segurança assistencial.
A paciente foi prontamente atendida na sala vermelha, setor destinado a casos de maior gravidade, conforme protocolo de classificação de risco. O médico de plantão realizou exame otoscópico completo, conforme registrado em prontuário e constatou grande quantidade de cerume escuro, membrana timpânica abaulada e sinais inflamatórios. O canal auditivo apresentava inchaço e obstrução, o que dificultou a visualização total da cavidade — especialmente por se tratar de cerume espesso e de coloração escura. Forçar o canal naquele momento poderia agravar o quadro clínico da paciente.
Diante dos achados, não foi possível identificar corpo estranho visível. A conduta adotada foi prescrever antibiótico, anti-inflamatório e analgésico, tanto para tratar o quadro infeccioso compatível com otite média aguda quanto de forma profilática. A família foi orientada quanto à necessidade de retorno imediato em caso de persistência ou agravamento dos sintomas, como dor, febre, secreção ou desconforto auditivo.
É provável que a infecção tenha diminuído logo após o uso do antibiótico, desinchando o canal, o que permitiu ao especialista identificar o corpo estranho. Muito provavelmente, isso teria ocorrido caso a paciente tivesse retornado à UPA após a redução do inchaço.
Lamentamos profundamente o sofrimento da paciente e compreendemos a angústia da família. Reiteramos que não há qualquer indício de negligência médica ou falha por parte da equipe assistencial envolvida. O atendimento seguiu os protocolos clínicos vigentes, com avaliação criteriosa e conduta compatível com o quadro apresentado naquele momento. Mesmo assim, será aberta uma sindicância para apurar criteriosamente os fatos.
Fonte: Folha do Sul