Um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), elaborado em 2021, revelou que o traficante Fernandinho Beira-Mar manteve o comando de atividades criminosas entre 2014 e 2016, mesmo estando preso no Presídio Federal de Porto Velho, unidade de segurança máxima localizada na zona rural da capital rondoniense.
Segundo o documento, Beira-Mar burlou o sistema prisional ao utilizar familiares e advogados como intermediários para ordenar crimes fora da penitenciária, mantendo o controle de redes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em diversos estados do país.
“Beira-Mar burlou as rígidas regras de segurança do presídio e utilizava parentes, inclusive advogados, para dar continuidade a suas atividades criminosas”, destaca o relatório.
Falhas em unidade de segurança máxima
Apesar de ser classificada como uma unidade de segurança máxima, o presídio apresentava fragilidades estruturais e operacionais. O relatório aponta que parte do muro de contenção ao redor do prédio ainda estava inacabada no período analisado, o que comprometia o isolamento completo da área.
A investigação também questiona a eficácia das medidas de monitoramento aplicadas aos presos de alta periculosidade, ressaltando que, mesmo com restrições severas, Beira-Mar continuava a exercer influência e poder fora dos muros do presídio.
Controle e inteligência falhos
Durante o período em que esteve custodiado em Porto Velho, Beira-Mar manteve contatos externos por meio de terceiros, utilizando comunicações indiretas para orientar membros de sua organização criminosa. Um relatório de inteligência de 2018 reforçou que o controle prisional não foi suficiente para conter suas atividades, evidenciando falhas no sistema de vigilância.
Reflexo no sistema prisional brasileiro
A revelação reacende o debate sobre a eficiência das penitenciárias federais de segurança máxima no isolamento de líderes de facções criminosas. Especialistas afirmam que o problema vai além da infraestrutura física, envolvendo fiscalização insuficiente, corrupção e falta de integração entre os órgãos de segurança.
Até o momento, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a própria Senappen não divulgaram posicionamentos recentes sobre as medidas adotadas após a divulgação do relatório.
O caso levanta questionamentos sobre o real controle das atividades internas nas unidades federais e reforça a necessidade de melhorias na inteligência e no monitoramento do sistema penitenciário brasileiro.
Fonte: EU IDEAL
