Um caso comovente e de profunda repercussão marcou a madrugada deste sábado (25) em Rio Branco (AC). Um recém-nascido prematuro de cerca de cinco meses de gestação, que havia sido declarado morto pela equipe médica da Maternidade Bárbara Heliodora, foi retirado do próprio velório após familiares perceberem que o pequeno estava vivo e chorando dentro do caixão.
Segundo relatos da família, o bebê foi dado como morto na noite de sexta-feira (24). Os pais, vindos do município de Pauini (AM), haviam chegado ao Acre para buscar atendimento após a mãe apresentar sangramentos e complicações gestacionais. Sem estrutura adequada na cidade natal, a gestante foi transferida para a capital, onde o parto foi induzido.
Ainda de acordo com a família, o corpo do bebê foi colocado em um saco e encaminhado ao necrotério. Cerca de 12 horas depois, já durante o preparo do sepultamento, a tia do recém-nascido pediu para abrir o caixão e ficou em choque ao ouvir o bebê chorando.
Foto: Gabriel Oliveira/Arquivo pessoal

Recém-nascido dado como natimorto no Acre
“Disseram que a criança nasceu sem vida, colocaram num saco e levaram para o necrotério. A gente fez todo o procedimento e estava indo para o enterro. Quando pedi para ver, ele estava chorando. Isso é muita negligência, queremos justiça”, relatou Maria Aparecida, tia do bebê.
Após o susto, o bebê foi levado de volta à maternidade por uma equipe médica e passou a receber atendimento emergencial. Segundo a pediatra neonatologista Mariana Collodetti, o recém-nascido apresenta prematuridade extrema, com aproximadamente 23 semanas e cinco dias, pesando cerca de 520 gramas.
“É uma situação crítica. Assim que ele chegou, foi intubado, passou por cateterismo umbilical, colocado em incubadora e recebeu todas as medicações necessárias. Está em estado grave, porém estável, recebendo todo o suporte da UTI Neonatal”, explicou a médica.
A especialista destacou que, até o momento, não é possível afirmar se houve erro médico, falha em diagnóstico ou uma reação biológica espontânea após o parto.
“Não conseguimos definir o que aconteceu. Pode ter havido ausência de sinais vitais, e depois uma retomada. Isso está sendo apurado”, disse a profissional.
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Em nota oficial, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) informou que todos os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe da maternidade e que uma investigação interna foi aberta para esclarecer o caso.
“Cerca de 12 horas depois, já fora das dependências da unidade, o bebê apresentou sinais vitais e foi imediatamente levado de volta à maternidade, onde permanece em estado gravíssimo sob cuidados intensivos. A Sesacre instaurou uma apuração interna com total transparência e responsabilidade”, diz o comunicado.
A diretora da unidade, Simone Prado, expressou solidariedade à família e garantiu que a instituição cooperará integralmente com as investigações.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) também se manifestou, confirmando a abertura de um procedimento para acompanhar o caso e apurar possíveis responsabilidades médicas ou administrativas.
“O MPAC atua para garantir que todas as circunstâncias sejam devidamente esclarecidas e que eventuais responsabilidades sejam apuradas”, informou o órgão em nota pública.
Os pais, que chegaram ao Acre em busca de atendimento mais seguro, estão em estado de choque e indignação.
O episódio, que tem gerado grande comoção, levantou debates sobre falhas nos protocolos hospitalares e a necessidade de reforço nas práticas de monitoramento neonatal, especialmente em casos de prematuridade extrema.
Enquanto o bebê luta pela vida na UTI Neonatal, a família aguarda respostas e cobra transparência nas investigações.
Com informações do G1/AC
