
Um acidente por pouco não terminou em tragédia em Passo de Torres, no litoral de Santa Catarina. O ajudante de obras Ederson Scheffer da Silva, de 17 anos, sobreviveu após ser atingido no peito por um pino de metal disparado por uma ferramenta de trabalho.
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O objeto atravessou o esterno, osso que fica no centro do peito, e ficou a poucos milímetros de perfurar uma das câmaras do coração — o que seria fatal, segundo os médicos.
"O coração entraria em falência porque não consegue fazer a contração. Se ele tivesse tido a perfuração na câmara, não ia ter cirurgia pra gente contar", contou Américo Kitawara, cirurgião cardiologista.
O profissional de saúde que apareceu em reportagem do Fantástico exibida no último domingo, 6, viveu em Vilhena até a adolescência. Américo, cujo avô paterno, já falecido, tinha o mesmo nome, é filho dos médicos Cláudio e Lídia Kitawara.
Hoje com 35 anos, o cardiologista formado em 2017 atua no hospital Dom Joaquim (Grupo IMAS), na cidade de Sombrio, em Santa Catarina. Em conversa com o FOLHA DO SUL ON LINE, o médico, que tinha 14 anos quando saiu de Vilhena em 2004, disse que a cirurgia comandada por ele durou mais de 3 horas.
O casal Kitawara, pais do cirurgião que ganhou destaque no país, chegou em Vilhena na década de 1980 e fundou, na cidade, o Hospital Padrão, da rede privada. Em 1998, Cláudio morreu pilotando o próprio avião na cidade de Cacoal, acidente que foi investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CLIQUE AQUI e leia na íntegra o relatório do Cenipa).
Américo, o neto, que seguiu a profissão dos pais, foi um dos entrevistados pela atração dominical da Rede Globo, que mostrou a vida por um fio do adolescente que ele operou (CLIQUE AO FIM DO TEXTO E ASSISTA A VIDEORREPORTAGEM).
“Eu não morri por pouco, muito pouco”, afirmou Ederson, que se recupera em casa após uma cirurgia de alto risco feita com o coração ainda batendo.
O acidente aconteceu enquanto o jovem trabalhava na instalação de um forro de madeira. Ao entregar um equipamento a um colega, o disparo foi acidental:
“Ele pegou e disparou. Colocou o dedo no gatilho, é bem levinho o gatilho de compressor, né? E aí disparou no meu peito”, contou Ederson. “Me colocaram no carro, já não enxerguei mais nada. Quando vi, estava no hospital."
A ferramenta usada no serviço era um pinador pneumático, que dispara pinos de metal sob pressão. O modelo conta com uma trava de segurança que, segundo o pai do jovem, havia sido removida para agilizar o trabalho. “Tem muitos que soltam a trava para agilizar o serviço. Foi o que aconteceu”, afirmou Elias Macedo.
Após um raio-x em um hospital próximo de sua casa, Ederson foi transferido com urgência para um hospital especializado em cardiologia na cidade de Sombrio, a cerca de 40 quilômetros.
“Havia presença de coágulos e de sangramento ativo indicando que realmente tinha ocorrido uma lesão no músculo cardíaco. Nessa circunstância, na qual tem uma perfuração do músculo cardíaco, o procedimento realmente é cirúrgico”, explicou João Luiz Ambros von Holleben, chefe da UTI.
A operação durou cerca de três horas e meia e foi feita com o coração batendo. O hospital, que é referência nesse tipo de cirurgia, nunca havia realizado um procedimento como esse. "Com um prego, foi a primeira vez e espero que a última", contou Von Holleben.
Ederson teve alta em uma semana e está se recuperando em casa. A cicatriz no peito virou símbolo de uma segunda chance. “Nasci de novo praticamente, porque foi um milagre mesmo”, disse o jovem.
Para ele e a família, ficou o aprendizado para evitar novos acidentes: "Tem que deixar a segurança dela [da ferramenta]. Não pode mexer ali. Se tem aquilo ali, é por um motivo, né?"
Fonte: Fantástico